quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sou uma incubadora, parte II

Eu já calculava. Aconteceu o mesmo com a Catarina. E, por mais que se diga que não há duas gravidezes iguais, esta está a ser muito parecida com a primeira.

Segunda-feira fui à médica e vim de lá com a receita de repouso absoluto. O Vicente está com pressa, mas precisa de ficar no quentinho mais umas semanas. Por isso, o meu papel agora é ser uma incubadora.

Quando foi com a Catarina, adorei este tempo: descansei muito, consegui pôr as séries, os filmes e a leitura em dia, preparei-me mentalmente para o bom caos que aí vinha. Mas agora não estou sozinha. Sou uma incubadora com atrelado. A Catarina estranhou logo na segunda-feira: «Porque é que tu é que me vens buscar?», perguntou quando viu o pai na escola. Em casa, explicámos-lhe que a mãe tinha que descansar muito para o Vicente nascer grande e forte e que quando ela estava na minha barriga tinha acontecido o mesmo. Disse-lhe também que, estando eu quietinha no sofá, teríamos muito mais tempo para brincar juntas (brincadeiras sossegadas, claro), já que não podia andar a arrumar a casa ou a tratar de outros assuntos.

Não ficou muito convencida. Não vou buscá-la à escola. Não vou passear com ela. Não lhe dou banho. Acho que, pela primeira vez, percebeu que isto de ir ter um mano pode atrapalhar-lhe um pouco a vida. E eu percebi, pela primeira vez, sem querer ser muito dramática, que ter mais do que um filho será uma eterna «escolha de Sofia».

3 comentários:

  1. Pois, a vida é assim como alguns contratempos! Mas o Vicente é forte e vai ficar no quentinho mais cinco semaninhas e a Catiti vai perceber que a vida é mesmo assim, difícil!
    Força amiga!
    Bjs

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    1. Obrigada Ana. Ainda bem que correu tudo bem :) beijinhos

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  2. Sei o que é isso de "SER INCOBADORA" pois tive 8 semanas de "hotel" no Hospital de São Bernardo em Setúbal. Por um lado foi muito bom, pois o meu filho não necessitou estar ligado ás máquinas, mas por outro lado é triste e doi, pois quando os nosso familiares se vão embora ficamos complatamente sozinhas (não me posso queixar muito pois fiz uma grande amiga nessa altura), mas custa muito. Por isso Patrícia, aproveita todo o tempo para descansar porque o tempo que passamos com os nosso é insubstituível.

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