segunda-feira, 30 de abril de 2012

E ele move-se


Às vezes, estou muito tranquila a ler um livro ou revista, apoiando o dito/a cujo/a na barriga e lá sai um saltinho. A minha barriga com vida própria, as letras a saírem-me da vista, uma sensação maravilhosa, um sorriso cúmplice com o meu bebé, que, por enquanto, é meu e só meu.

É também como se ele quisesse dizer: «Ei, estou aqui! Não te esqueças!». Como se me quisesse ir avisando que, em poucas semanas, este descanso vai acabar e será impossível ler um livro, uma revista, ou fazer outra coisa qualquer, sem interrupções.

Agora que estou na segunda gravidez não tenho ilusões. Sei perfeitamente que não vou ter tempo para nada que não tenha a ver com o bebé. E também sei que a melhor forma de lidar com isso é não querer fazer nada para além de estar com o meu bebé. Eles crescem tão depressa. O mundo pode esperar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Era uma vez...


Todos os dias a minha filha me pedia um irmão. Dizia-me: «Todos os meus amigos têm, menos eu!» ou «Por que é que o pai não põe já a sementinha na mãe?».

E eu queria, queria muito, ter um segundo filho. Mas já percebi que nisto dos filhos eles é que escolhem quando querem vir. O Vicente escolheu o final de outubro, depois de eu ter decidido que ia dar tudo o que era da Catarina – caixas e caixas de roupa, carrinhos, banheira, tudo guardado religiosamente a encher-me armários e despensa há quatro anos – porque agora não era altura para segundos filhos.

Foi em novembro que senti que algo estava diferente em mim. E que relembrei a felicidade de ver aquele tracinho lindo.

De repente, já estamos em abril. Agora vejo a minha pele abdominal a mexer-se e esticar-se, numa revolução boa constante. Vejo a minha silhueta de chapéu vertical refletida nos vidros e espelhos. Vejo a Catarina agarrada à minha barriga, a dar-lhe beijinhos, a fazer-lhe festinhas, a sussurrar-lhe declarações de amor. E penso que, afinal, se calhar, talvez, quem sabe, apesar de tudo, o mundo até faz sentido.