sábado, 30 de junho de 2012

38 semanas!

Yehhhhh! Objetivo cumprido! Cheguei às 38 semanas! Agora é mesmo esperar. E queimar os últimos cartuchos.

Ainda não me fartei de estar grávida, embora já me custe apertar as sandálias ou arranjar posição para dormir. Os mimos, as prioridades nas filas e os lugares de estacionamento à porta continuam a saber bem.

Há uma semana, a médica deu-me ordem para andar. E foi isso que fiz.

Pedi ao Vicente para - já agora, depois de três semanas sem me poder mexer - me deixar: estar um dia na praia até ao pôr-do-sol, almoçar com as amigas, passar uma tarde no shopping, ver Portugal despedir-se do Euro-2012, ter um jantar romântico e ir à festa de final de ano da Catarina. Está tudo riscado da lista.

Por isso, Vicente, meu querido e adorado filho, só faltas tu para a alegria ser completa.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Contagem decrescente

Já só consigo pensar no parto. Tenho adiado fazer a mala para a maternidade, como se isso aproximasse a hora.  Mas hoje decidi que iria fazê-la. Tenho babygrows minúsculos, meias que só cabem em dedos, gorros que servem a bonecos, tudo composto em cima da cómoda. É uma imagem tão inspiradora como assustadora.

Nos últimos dias, ando ainda mais atenta aos sinais do corpo. E, quando acordo, não consigo deixar de pensar: e se for hoje? Imagino o parto, mesmo sabendo que nunca é como imaginamos (felizmente, muitas vezes, é bem melhor do que alguma vez poderíamos pensar). A primeira contração, o primeiro grito e, depois, entrar naquela dança, a mente dormente, o mundo a desaparecer, um bebé lindo e frágil no meu colo, ligado a mim para sempre. O amor.

E, a partir desse segundo, nada mais será igual. A feminilidade e a maternidade vão lutar entre elas, até perceberem que as duas são uma e única coisa. Depois de termos um filho, enquanto mulheres, somos atingidas nos pontos mais sensíveis: dores nas mamas, um período menstrual contínuo e excessivo, falta de tempo para sequer olhar ao espelho. Enquanto mães, mergulhamos num mar de dúvidas e exigências: choros indecifráveis, pilhas de fraldas cheias de cocó e chichi, a visão restrita apenas a meio metro de gente.

Olho, mais uma vez, para a montra de roupa fofinha em cima da cómoda. Pelo sim, pelo não, vou levar também o rímel e o stick anti-olheiras.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

A melhor notícia

Uma vez escrevi um texto sobre «como anunciar a gravidez» e comecei por dizer que era a melhor notícia que se podia dar a alguém. Cada vez mais tenho a certeza disso.

Sempre que sei que vem um bebé a caminho entra em mim uma alegria pura. Mesmo que eu não conheça pessoalmente os futuros pais, sinto uma espécie de leveza geral naquele momento em que oiço alguém dizer: «Estou grávida!» E vejo a mesma sensação na cara das outras pessoas quando ouvem as mesmas palavras. Vejo as sobrancelhas a desenrolarem-se, os lábios a esticarem, as rugas a desaparecerem. Leveza.

Hoje tive a sorte de sentir essa alegria duas vezes. A primeira, no zapping habitual, quando vi a apresentadora da tarde anunciar a gravidez em direto. Não a conheço para além da televisão, mas dei por mim a rir sozinha, quase comovida, enquanto a plateia e a equipa do programa batiam palmas também a sorrir. Depois, uma amiga que não via há muito contou-me que estava à espera de um Tomás. Tive logo de partilhar a novidade com quem estava mais perto. Porque receber este tipo de notícia também tem essa particularidade: dá vontade de contar a toda a gente e espalhar a alegria pelo mundo.

Calculo que ganhar o Euromilhões ou ser promovido no emprego também sejam boas notícias de dar e de receber. Mas não é a mesma coisa.

Saber que, em breve, um novo bebé chegará a este mundo enche qualquer um de esperança e de espanto. Não sei bem porquê. Acho que é porque percebemos, afinal, que nem tudo é efémero. Que continuamos por cá. Como se, por momentos, a vida fosse um círculo perfeito, cheio, a girar no sentido certo, à velocidade certa.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Um bebé a caminho e outro a deixar de o ser




Às 35 semanas de gravidez, continuo de descanso forçado. Segundo a ecografia que fiz na terça-feira, o Vicente já está com a cabeça bem encaixada e a fazer pressão na porta de saída. Disse-lhe que não vale a pena ter pressa, que está muito melhor no quentinho, que o tempo cá fora anda esquisito. Mas acho que lhe cheira a festa. Pela janela, vimos a Volvo Race. Pela televisão, temos acompanhado o Rock in Rio, o Euro-2012, os Santos Populares. E vêm aí os festivais de verão e os Jogos Olímpicos. Nunca ouviu a palavra começada por c... É natural que pense que isto cá fora seja uma ramboia pegada.

A Catarina é que não está a achar graça nenhuma a ter a mãe a meio gás. Nas duas últimas semanas, a sua frase preferida tem sido «assim não sou mais tua amiga!». Ou porque quer lanchar chocolates e bolachas ou porque eu não a deixo andar vestida com as minhas calças ou porque lhe digo para arrumar o quarto.

No outro dia, estava já cheia de sono e cansada e queria à força que fosse eu a dar-lhe banho - que é a coisa que mais me custa a fazer. Com o queixo a tremelicar, os olhos molhados, abraçada a mim, nem se lembrou da frase do costume. E, eu, numa tentativa de explicar o que não tem explicação, disse-lhe que quando ela estava na minha barriga, também tive de descansar muito e não podia dar banho, nem brincar com a Lua (a nossa querida gata que morreu este ano). A desolação foi ainda maior: «Mas isso é muito diferente, eu não sou um animal!», respondeu-me.

Ainda bem que vem aí um bebé, porque está visto que cá em casa já não há nenhum.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

A gravidez é contagiosa?

Encontrámo-nos as três, por acaso, no parque de estacionamento de um centro comercial, no final de uma tarde de inverno. Os miúdos - cada uma tem um filho - excitadíssimos por estarem juntos, a correrem sem sentido pelo meio dos carros parados e nós a tentar ter uma conversa do princípio ao fim enquanto os mandávamos estar sossegados.

Eu feliz da vida: «Estou grávida!»
A segunda ansiosa: «Não me digas nada, que estou com uma semana de atraso!»
A terceira assustada: «Vou-me embora que parece que isso é contagioso!»

Uma semana depois uma confirmação. Um mês depois outra.

Sim, a gravidez, às vezes, parece contagiosa. E ainda bem. Porque, melhor do que estar grávida, só ter uma amiga grávida ao mesmo tempo. Ter companhia para passear pelas lojas de puericultura. Ter com quem comparar resultados de análises e ecografias. Ter com quem trocar olhares embevecidos sempre que passa um bebé. Ter quem compreenda se os nossos suspiros são de cansaço, de ansiedade ou de alegria. Ter com quem falar de tudo, sem pudores, do bom e do mau de ter um bebé a crescer na barriga.

Há umas semanas, estávamos as três barrigudas a relembrar o encontro do parque de estacionamento e a prever como seriam os finais de tarde daqui a um ano - nós as três e seis crianças a exigir-nos atenção! - quando outra amiga decide ir embora, justificando: «Vou-me embora, que isto é contagioso!» Tive vontade de responder: «Daqui a um mês falamos....»


terça-feira, 5 de junho de 2012

O tempo da gravidez

A roupa está lavada e dobrada. A cama está pintada e montada. As fraldas estão compradas. O coração começa a apertar.

Passaram a correr estes meses. Parece que foi há tão pouco tempo que fiz o teste, dividida entre o «não pode ser» e o «deus queira que seja». Agora, a indecisão está de volta. Ora penso: «Tomara que estas semanas passem rápido para ter o meu bebé nos braços». Ora desejo: «Tomara que passem devagar, que ainda não estou preparada para o que aí vem».

Para já, esta semana de clausura (uma já foi! ufa!) tem-me sabido muito bem. Entre maratonas de Anatomias de Grey, Donas de Casa Desesperadas (dão três episódios de cada por dia!) e Lost (dão dois por dia), tenho dormido sestas e aproveitado para gozar esta dança contínua que o Vicente me oferece todos os dias. Consigo sentir-lhe perfeitamente as costas a espreguiçarem-se, do meu lado direito, e os pés a pedalarem, do lado esquerdo. É quase como se já soubesse de cor os seus contornos. Se estou de barriga para cima, mexe-se e remexe-se, parece que a reclamar por ficar mais apertado. Às vezes, tem soluços e, durante uns minutos, estamos mesmo em contacto: encosto a minha mão às suas costas, a amparar cada pulo do seu corpo, até que o sinto sossegar. E o melhor é quando, de repente, noto que está muito calminho e ele responde-me imediatamente com um pontapé.

É um privilégio poder viver a gravidez assim. Vivê-la plenamente. Estar disponível para ir conhecendo o bebé mesmo antes de o conhecer. Ter tempo para sentir o coração apertar e crescer de amor. Sem pressas, nem correrias.