sábado, 21 de julho de 2012

Uma semana


A subida do leite já passou, as "dores tortas" já passaram, os lóquios estão quase a passar.

O Vicente já engordou 300 gramas (sim, ao contrário do que costuma acontecer aumentou o peso em vez de perder), já lhe caiu o umbigo, já gastou um pacote de fraldas dos grandes.

Juntos, já passámos noites a acordar de hora a hora, noites quase inteiras a dormir e noites em que o sono parecia ligado a um relógio suíço.

Apesar de tantas mudanças e de tantos ritmos novos, parece impossível ter havido um dia em que o Vicente não existiu. É como se ele sempre tivesse estado aqui.

Só passou uma semana e já não consigo imaginar a vida de outra maneira.

domingo, 15 de julho de 2012

E é isto a felicidade

11 de Julho de 2012. O Vicente nasceu hoje, às 9 horas, em casa.

Foi provavelmente o parto mais rápido de sempre. Entre as 8h30 e as 9 horas, entreguei-me à maravilhosa tarefa de trazer um bebé ao mundo.

Deixei-me levar pelo corpo, confiei em quem tinha ao meu lado, acordei vizinhos, não tive medo uma única vez.

Assim que o Vicente chegou aos meus braços, a mana e o pai puderam também tocá-lo e cheirá-lo. E desde esse momento estamos juntos, em sintonia, cheios de amor, num estado de pura felicidade.

Catarina, 5 anos, e Vicente, 10 horas

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que se espera quando se vê um parto no cinema

Não percebo esta mania de, em filmes e em séries, o parto ser sempre apresentado como uma anedota. É uma falta de imaginação. A grávida muito stressada, o marido muito atrapalhado. Os carros a terem de sair da frente à pressa e a baterem nos caixotes do lixo. A deixa mais que batida da mulher que não queria epidural, mas, a meio do trabalho de parto, transforma-se num animal feroz a exigir ao marido ou ao médico que lhe deem a anestesia. A mulher deitada na marquesa, seguindo as indicações do pessoal médico, a gritar frases desconexas e ofensivas, a escorrer em suor. É sempre uma cena supostamente hilariante.

Enquanto espero pelo Vicente, fui ver o filme «O que se espera enquanto se está à espera». Nada de novo. Leve, bem disposto, próprio para quem está a passar pela gravidez. Mas, claro, os partos são mostrados como se fossem anedotas.

Eu sei que as comédias românticas se chamam comédias por algum motivo. Só que, no parto, as piadas são sempre as mesmas. É como aquela cena em que, no primeiro encontro, um dos apaixonados fica com molho no canto da boca e o outro passa-lhe o dedo nos lábios suavemente para limpar. Não se aguenta.

Eu sugeria filmarem o parto como se filma um beijo apaixonado ou mesmo uma cena de sexo. Afinal, vai tudo dar ao mesmo. Pouca luz, câmara lenta, uma música bonita. Se é comédia romântica, de vez em quando, podiam puxar pelo romantismo em vez de puxarem pelo riso fácil.

Não acho que seja preciso mostrar o bebé a coroar, nem fazer grandes planos da vagina a esticar. Assim como acho que não é preciso mostrar línguas durante um beijo ou fazer grandes planos de órgãos genitais numa cena de sexo. Mas um parto pode ser muito romântico, garanto.

Nas condições ideais - pouca luz (ou seja, com privacidade), câmara lenta (ou seja, sem pressa), uma música bonita (em vez do som das conversas das enfermeiras) - o nascimento de um bebé tem tudo para ser um momento sublime. Desde a primeira contração ao primeiro choro. Em caso de dúvida, basta ver esta não comédia romântica: Le Premier Cri