terça-feira, 5 de junho de 2012

O tempo da gravidez

A roupa está lavada e dobrada. A cama está pintada e montada. As fraldas estão compradas. O coração começa a apertar.

Passaram a correr estes meses. Parece que foi há tão pouco tempo que fiz o teste, dividida entre o «não pode ser» e o «deus queira que seja». Agora, a indecisão está de volta. Ora penso: «Tomara que estas semanas passem rápido para ter o meu bebé nos braços». Ora desejo: «Tomara que passem devagar, que ainda não estou preparada para o que aí vem».

Para já, esta semana de clausura (uma já foi! ufa!) tem-me sabido muito bem. Entre maratonas de Anatomias de Grey, Donas de Casa Desesperadas (dão três episódios de cada por dia!) e Lost (dão dois por dia), tenho dormido sestas e aproveitado para gozar esta dança contínua que o Vicente me oferece todos os dias. Consigo sentir-lhe perfeitamente as costas a espreguiçarem-se, do meu lado direito, e os pés a pedalarem, do lado esquerdo. É quase como se já soubesse de cor os seus contornos. Se estou de barriga para cima, mexe-se e remexe-se, parece que a reclamar por ficar mais apertado. Às vezes, tem soluços e, durante uns minutos, estamos mesmo em contacto: encosto a minha mão às suas costas, a amparar cada pulo do seu corpo, até que o sinto sossegar. E o melhor é quando, de repente, noto que está muito calminho e ele responde-me imediatamente com um pontapé.

É um privilégio poder viver a gravidez assim. Vivê-la plenamente. Estar disponível para ir conhecendo o bebé mesmo antes de o conhecer. Ter tempo para sentir o coração apertar e crescer de amor. Sem pressas, nem correrias.

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